1 de março de 2011

Saúde dom de Deus


A saúde é um dom de Deus a ser cuidado pela própria pessoa,
pela comunidade e pela sociedade.

Dom José Majella Delgado, C.Ss.R.
Bispo diocesano de Jataí 

«Pelas suas chagas fostes curados» (1 Pd 2, 24)

Todos os anos, na memória da Bem-Aventurada Virgem de Lourdes, que se celebra no dia 11 de fevereiro, a Igreja propõe o Dia Mundial do Doente. Esta circunstância, como quis o saudoso Papa João Paulo II, torna-se a ocasião propícia para refletir sobre o mistério do sofrimento e, sobretudo, para tornar as nossas comunidades e a sociedade civil mais sensíveis aos irmãos e irmãs doentes.

O Papa Bento XVI escreveu a sua mensagem para este que já é o 19º Dia Mundial do Doente com o lema: “Pelas suas chagas fostes curados” (1Pd 2,24). Recorda-nos o Santo Padre que Jesus Cristo, “o Filho de Deus sofreu, morreu, mas ressuscitou, e exatamente por isso aquelas chagas tornam-se o sinal da nossa redenção, do perdão e da reconciliação com o Pai” (Mensagem para o 19º Dia Mundial do Doente).

Temos assim, por ocasião deste dia, muitas atitudes a ser feitas para promover nas Paróquias, Capelas, Movimentos, setores e grupos de reflexão um cuidado mais eficaz para com os sofredores. A saúde é um dom de Deus a ser cuidado pela própria pessoa, pela comunidade e pela sociedade. A missão da Igreja é aproximar-se das pessoas que se encontram em situações de abandono, de exclusão e de dor, que contradizem o projeto do Pai, para assumir o compromisso a favor da cultura da vida (cf. DAp 358).

A CNBB mobilizou toda a Igreja no Brasil em torno da saúde com a Campanha da Fraternidade de 1981 (“Saúde e Fraternidade”, com o lema: “Saúde para todos”) e de 1984 (“Fraternidade e Vida, com o lema: “Para que todos tenham vida”). E em junho de 2010, o Conselho Episcopal Pastoral da CNBB – CONSEP aprovou por unanimidade o tema da Campanha da Fraternidade de 2012: Fraternidade e Saúde Pública. Sem dúvidas, é uma vitória do povo brasileiro cristão, que almeja uma saúde mais acessível e digna! A dura realidade que permeia o setor saúde e que provoca uma interferência direta na vida da imensa maioria da população brasileira faz com que possamos inferir que a Saúde no Brasil vive um dos períodos mais críticos e precários. Podemos enumerar aqui alguns dos mais sérios e delicados problemas que enfrentamos na nossa região e diocese: Dificuldades de manter a clínica Pe. Thiago, em Jataí, pelos motivos, entre outros, da burocracia e tendência a terceirização das unidades públicas de saúde; A proliferação da Dengue (Aedes aegypti), com crescente número de óbitos e outras doenças infecto-contagiosas, como tuberculose, HIV/AIDS Acentuada gestação de menores e a banalização das práticas abortivas; O crescente consumo de drogas com destaque ao crack, sobretudo, na faixa infanto-juvenil; Os alarmantes homicídios, suicídios e as mortes violentas; As ameaças ao meio ambiente com o desmatamento, a contaminação da água e do ar.

Por isso, a Diocese de Jataí, como Igreja Particular, deve dar um passo importante na realização da atividade missionária em favor de uma política pública para que os governos Federal, Estadual e Municipal atendam aos direitos básicos em relação à saúde da população. “A saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meioambiente, trabalho, transporte, lazer, liberdade e acesso a serviços de saúde” (VIII Conferência Nacional de Saúde 1986).

Mantemos na diocese três casas de apoio para a recuperação dos dependentes químicos e assistimos outras mantidas por instituições. Desenvolvemos a Pastoral da AIDS com a presença de inúmeros agentes que promovem o acompanhamento compreensivo, misericordioso, bem como a defesa dos direitos das pessoas infectadas (DAp 421). Favorecemos organizações populares que trabalham no cuidado, na defesa e na promoção da vida em áreas rurais e urbanas, com programas de educação e capacitação nutricional e alimentícias.  A medicina popular e alternativa (fitoterapia) está sendo desenvolvida com todo o seu valor em várias paróquias, com destaque para a Nossa Senhora das Dores, em Rio Verde. A atuação da Pastoral da Criança e do Idoso assegura na diocese o atendimento a gestantes, crianças desnutridas e as famílias.

Mesmo assim devemos nos esforçar para sensibilizar os fiéis das nossas comunidades com o específico da Pastoral da Saúde a respeito do sofrimento, denunciando a marginalização dos doentes, portadores de deficiências e idosos. Devemos seguir as sábias orientações recebidas da V Conferência Latino-Americana realizada em Aparecida em 2007, que localiza a Pastoral da Saúde no contexto de “resposta às grandes interrogações da vida, tais como o sofrimento e a morte, à luz da morte e da ressurreição do Senhor” (DAp 418). E aponta como ação do discípulo de Jesus, a se transformar no anúncio da morte e ressurreição do Senhor, única e verdadeira saúde (DAp 419). Ela já não é uma ação voltada só para o enfermo, assistencialista, mas se abre para o acompanhamento da família, que tem a dor e as consequências de ter um enfermo em casa.

Cabe, portanto, a cada paróquia da diocese assumir esta causa no corajoso trabalho de evangelização, formando a Pastoral da Saúde ou criando mecanismo para fortalecer a identidade do Agente de Pastoral da Saúde e suas contribuições. Recordo que a Pastoral da Saúde acontece em domicílios, hospitais, asilos, creches, escolas, associações de bairro, ... ou seja, em todo lugar que se importa com a saúde. Que Maria, Saúde dos Enfermos, nos ajude a testemunhar no mundo a ternura de Deus e a proclamar com coragem o Evangelho da vida.

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