A saúde é um dom de Deus a ser cuidado pela própria
pessoa,
pela comunidade e pela sociedade.
Bispo diocesano de Jataí
«Pelas
suas chagas fostes curados» (1 Pd 2, 24)
Todos
os anos, na memória da Bem-Aventurada Virgem de Lourdes, que se celebra no dia
11 de fevereiro, a Igreja propõe o Dia Mundial do Doente. Esta circunstância,
como quis o saudoso Papa João Paulo II, torna-se a ocasião propícia para
refletir sobre o mistério do sofrimento e, sobretudo, para tornar as nossas
comunidades e a sociedade civil mais sensíveis aos irmãos e irmãs doentes.
O
Papa Bento XVI escreveu a sua mensagem para este que já é o 19º Dia Mundial do
Doente com o lema: “Pelas suas chagas fostes curados” (1Pd 2,24). Recorda-nos o
Santo Padre que Jesus Cristo, “o Filho de Deus sofreu, morreu, mas ressuscitou,
e exatamente por isso aquelas chagas tornam-se o sinal da nossa redenção, do
perdão e da reconciliação com o Pai” (Mensagem para o 19º Dia Mundial do
Doente).
Temos
assim, por ocasião deste dia, muitas atitudes a ser feitas para promover nas
Paróquias, Capelas, Movimentos, setores e grupos de reflexão um cuidado mais
eficaz para com os sofredores. A
saúde é um dom de Deus a ser cuidado pela própria pessoa, pela comunidade e
pela sociedade. A missão da Igreja é aproximar-se das pessoas que se encontram
em situações de abandono, de exclusão e de dor, que contradizem o projeto do
Pai, para assumir o compromisso a favor da cultura da vida (cf. DAp 358).
A
CNBB mobilizou toda a Igreja no Brasil em torno da saúde com a Campanha da
Fraternidade de 1981 (“Saúde e Fraternidade”, com o lema: “Saúde para todos”) e
de 1984 (“Fraternidade e Vida, com o lema: “Para que todos tenham vida”). E em
junho de 2010, o Conselho Episcopal Pastoral da CNBB – CONSEP aprovou por
unanimidade o tema da Campanha da Fraternidade de 2012: Fraternidade e Saúde
Pública. Sem dúvidas, é uma vitória do povo brasileiro cristão, que almeja uma
saúde mais acessível e digna! A dura realidade que permeia o setor saúde e que
provoca uma interferência direta na vida da imensa maioria da população
brasileira faz com que possamos inferir que a Saúde no Brasil vive um dos
períodos mais críticos e precários. Podemos enumerar aqui alguns dos mais
sérios e delicados problemas que enfrentamos na nossa região e diocese:
Dificuldades de manter a clínica Pe. Thiago, em Jataí, pelos motivos, entre
outros, da burocracia e tendência a terceirização das unidades públicas de
saúde; A proliferação da Dengue (Aedes aegypti), com crescente número de óbitos
e outras doenças infecto-contagiosas, como tuberculose, HIV/AIDS Acentuada
gestação de menores e a banalização das práticas abortivas; O crescente consumo
de drogas com destaque ao crack, sobretudo, na faixa infanto-juvenil; Os
alarmantes homicídios, suicídios e as mortes violentas; As ameaças ao meio
ambiente com o desmatamento, a contaminação da água e do ar.
Por isso, a
Diocese de Jataí, como Igreja Particular, deve dar um passo importante na
realização da atividade missionária em favor de uma política pública para que
os governos Federal, Estadual e Municipal atendam aos direitos básicos em
relação à saúde da população. “A saúde é a resultante das condições de
alimentação, habitação, educação, renda, meioambiente, trabalho, transporte,
lazer, liberdade e acesso a serviços de saúde” (VIII Conferência Nacional de
Saúde 1986).
Mantemos na diocese três casas de apoio para a recuperação dos
dependentes químicos e assistimos outras mantidas por instituições.
Desenvolvemos a Pastoral da AIDS com a presença de inúmeros agentes que
promovem o acompanhamento compreensivo, misericordioso, bem como a defesa dos
direitos das pessoas infectadas (DAp 421). Favorecemos organizações populares
que trabalham no cuidado, na defesa e na promoção da vida em áreas rurais e
urbanas, com programas de educação e capacitação nutricional e
alimentícias. A medicina popular e
alternativa (fitoterapia) está sendo desenvolvida com todo o seu valor em
várias paróquias, com destaque para a Nossa Senhora das Dores, em Rio Verde. A
atuação da Pastoral da Criança e do Idoso assegura na diocese o atendimento a
gestantes, crianças desnutridas e as famílias.
Mesmo assim devemos nos esforçar
para sensibilizar os fiéis das nossas comunidades com o específico da Pastoral
da Saúde a respeito do sofrimento, denunciando a marginalização dos doentes,
portadores de deficiências e idosos. Devemos seguir as sábias orientações
recebidas da V Conferência Latino-Americana realizada em Aparecida em 2007, que
localiza a Pastoral da Saúde no contexto de “resposta às grandes interrogações
da vida, tais como o sofrimento e a morte, à luz da morte e da ressurreição do
Senhor” (DAp 418). E aponta como ação do discípulo de Jesus, a se transformar
no anúncio da morte e ressurreição do Senhor, única e verdadeira saúde (DAp
419). Ela já não é uma ação voltada só para o enfermo, assistencialista, mas se
abre para o acompanhamento da família, que tem a dor e as consequências de ter
um enfermo em casa.
Cabe, portanto, a cada paróquia da diocese assumir esta
causa no corajoso trabalho de evangelização, formando a Pastoral da Saúde ou
criando mecanismo para fortalecer a identidade do Agente de Pastoral da Saúde e
suas contribuições. Recordo que a Pastoral da Saúde acontece em domicílios,
hospitais, asilos, creches, escolas, associações de bairro, ... ou seja, em
todo lugar que se importa com a saúde. Que Maria, Saúde dos Enfermos, nos ajude
a testemunhar no mundo a ternura de Deus e a proclamar com coragem o Evangelho
da vida.
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